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quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

A crise politica e a falta de uma alternativa concreta para os trabalhadores

No ultimo período temos acompanhado as disputas que estão ocorrendo nacionalmente, não só entre governo e oposição(que trabalha pelo golpe), mas a oposição de esquerda que tenta apresentar-se como alternativa para esse momento de divisão e acirramento do país. 

Atualmente o cenário politico é complexo, as ações não estão sendo feitas com a clareza necessária, justamente pelo fato das diversas forças e atores sociais envolvidos estarem também em crise. Mesmo diante de tal desprestigio não só econômico, politico, como moral, o PT e suas forças de mobilizadoras(CUT,MST,CMP entre outras) seguem firmes, apesar de alguns desvios, unidas contra a articulação do golpe por parte da oposição, e de uma parte da anteriormente aclamada base aliada.

É necessário frisar que a esquerda nacional esta na defensiva, o ataque advindo da direita em seus mais variados aspectos e formas, está mostrando uma nova etapa na luta de classes e, em consequência da organização da classe operária. A crise econômica que com o passar dos dias apenas aumenta, por meio de ações do próprio governo, além do cenário internacional claro, aponta para uma radicalização e aprofundamento das manifestações populares que, até o momento vem ocorrendo de maneira esparsa, pouco unificada e com dificuldades para evoluir em suas reivindicações.

No PT, a crise interna esta levando há uma maior divisão das alas do partido, fazendo que, até o momento, a burocracia, e a direita venha dominando em alguma medida, a forma como o partido posiciona-se inclusive contra o golpe. Moderadamente e com vacilação, ao contrário de sua base social(mesmo desgastada),, que apesar dos ataques sofridos pelo próprio governo nos seus direitos, coloca-se na rua e gritando aos quatro ventos ''Não vai ter golpe''.

Nesse sentido deve-se apontar algumas das circunstâncias pelas quais há uma organização, mobilizações e posicionamento das bases e movimentos sociais contra o golpe. Do outro lado, ou seja, da direita, é claramente perceptível as intenções que motivam ações dessa natureza, já tornaram isso público com seus planos e propostas privatistas e reacionárias, conseguindo ultrapassar, o que mostra-se difícil imaginar até pouco tempo atrás, a politica de ajuste fiscal do atual governo

Quando a direita é citada, deve também ser mostrado seu histórico quando governou o país, porque ademais de tanta confusão, muitos esquecem e outros nem viveram a época na qual a direita governava diretamente o país, sem intermediários. Estatais de grande importância foram privatizadas, e pior, a preço inferior ao qual valiam, o que configurou fraude no caso da Vale[1], além dos sistemas de comunicação, entre outras. Se soma ao todo apenas no governo do PSDB, 125 estatais vendidas[2].

Obviamente, pelo governo do PT ser de conciliação de classes, e de cunho social-democrata moderado, em nenhum momento reverteu qualquer venda realizada anteriormente, e isso ficaria claro para todos antes mesmo do Lula assumir, na sua famosa carta aos brasileiros[3]. E depois de tomar posse, não só o então presidente Lula, como posteriormente Dilma Roussef ampliaram o modus-operandi de concessão e abertura de capital de empresas públicas, o que também é entregar o patrimônio nacional, do povo, ao interesse do mercado e do capital privado[4],[5]..

Como se vê a situação é dífícil, e que ocasiona um desgaste social e politico de ambas as forças majoritárias em disputa. O problema é que não há alternativas concretas a essas expostas, uma realidade que apresenta-se de forma fria, porém baseada no que foi construído, organizado, mobilizado durante todos esses anos pela oposição de esquerda, ou seja, nada. O trabalho de base em grande medida foi abandonado( pelos que antes faziam algum), ações pontuais são feitas, mas isso não forma uma base de massas independente como a esquerda vem defendendo.

Temos visto o surgimento desde 2013 o contrário da organização coesa e unificada que a esquerda coloca, ou mesmo faz propaganda. São movimentos espontaneístas, com um alto grau de rejeição a partidos, seja quais forem, lideranças, ou qualquer menção há algum tipo de autoridade representativa. O que é completamente contrário ao conceito teórico e pratico da esquerda(marxismo), não surpreende as inúmeras e visíveis influências anarquistas nesses novos movimentos.

Grande parte dessa rejeição vinda dos jovens, já que primordialmente os movimentos espontaneístas, do tipo anarquistas, são formados pela juventude, advém do fato do oportunismo, da paralisia e da falta de trabalho militante, que tais partidos não tiveram e não tem durante todo esse tempo, ao contrário, a grande parte da militância é universitária e fica presa a esse mundo, isolando-se e criando um discurso que apenas dialoga com os seus.

A mistura da falta de conhecimento, com a má atuação dessas organizações partidárias, resultou numa juventude que em determinados casos é combativa, adeptas da ação direta e não cai na influência da direita, como o movimentos dos secundaristas, porém que por falta de teoria critica,coesão, lideranças, e experiência não consegue avançar de forma efetiva e ampliar sua luta para um movimento que ultrapasse suas reivindicações iniciais, gerando assim o isolamento politico e a divisão.

Já passou, e muito da hora de reiniciar de forma massiva o trabalho de base nas favelas, periferias, fabricas e rincões desse país. Para que possamos criar a médio prazo uma alternativa concreta de lutas, que seja ampla e combativa, e não para períodos eleitorais(ou apenas para se ganhar eleições), avançar no caminho da organização é fundamental para que não se torne refém de mobilizações apartidárias, anarquistas, divisionistas e que isolam-se com o tempo, e muito menos sem oportunidade de reação quando o momento politico clama por mobilizações populares de massa e combatividade.

Exemplos e resultados de trabalhos desse tipo temos alguns que vem nos mostrando bons frutos, como a Venezuela(mesmo com o revés eleitoral a organização e mobilização popular é gigantesca), Bolívia e mesmo alguns mais moderados como Equador. Todos eles tem em comum, de acordo com sua realidade e história, o fato de a esquerda ter se organizado e formado bases sólidas de luta, que apesar dos problemas e desvios que possam acontecer, mantem-se de maneira ativa, mobilizada e seguindo no caminho do aprofundamento dos seus processos organizativos, teóricos e de conquistas. 

Só é possível falar em alternativa concreta, fazer chamados nesse sentido, quando ela existe, caso contrário torna-se uma palavra ''de ordem'' vazia, sem significado e muito menos de intervenção na realidade concreta. O que causa ainda mais confusão na crise  e acirramento politico que vivemos, apontar para o trabalho de base é o ponto para começarmos a construir o sentido real da palavra alternativa de esquerda independente.

Notas:

















2 comentários:

  1. Muito bem explanada nossa realidade Politica,

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  2. a necessidade de ampliar e capilarizar os movimentos de base é um fato... para criar uma alternativa política independente dos governos, que seja expressão genuína dos movimentos sociais

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