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domingo, 10 de abril de 2016

O socialismo é a supressão das classes. Vladimir Ilitch Lenin

Para suprimir as classes é preciso, em primeiro lugar, derrubar os latifundiários e os capitalistas. Esta parte da tarefa já a realizámos, mas é apenas uma parte e, além disso, não é a mais difícil. Para suprimir as classes é preciso, em segundo lugar, suprimir a diferença entre os operários e os camponeses, transformá-los todos em trabalhadores. Isto não se pode fazer de repente. É uma tarefa incomparavelmente mais difícil e, por força da necessidade, prolongada. É uma tarefa que não se pode realizar pelo derrubamento de uma classe. Só é possível realizá-la pela reconstrução organizativa de toda a economia social, pela passagem da pequena economia mercantil, individual, isolada, à grande economia social. Esta transição é por força extraordinariamente longa. As medidas administrativas e legislativas precipitadas e imprudentes só podem tornar esta transição mais lenta e difícil. Só se pode apressar esta transição prestando ao camponês uma ajuda que lhe dê a possibilidade de melhorar em grandes proporções toda a técnica agrícola, de a transformar radicalmente.
Para realizar a segunda parte da tarefa, a mais difícil, o proletariado, depois de ter vencido a burguesia, deve aplicar invariavelmente a seguinte linha fundamental na sua política em relação ao campesinato: o proletariado deve separar, delimitar o camponês trabalhador do camponês proprietário, o camponês que trabalha do camponês negociante, o camponês laborioso do camponês especulador.
E nessa delimitação que reside toda a essência do socialismo. E não é de espantar que os socialistas em palavras e democratas pequeno-burgueses de facto (os Mártov e Tchernov, os Kautsky e C.a) nao compreendam esta essência do socialismo(.....)

O socialismo é a supressão das classes. A ditadura do proletariado fez tudo o que podia para essa supressão. Mas é impossível suprimir as classes de repente.
E as classes mantiveram-se e manter-se-ão durante a época da ditadura do proletariado. A ditadura tornar-se-á inútil quando as classes tiverem desaparecido. Sem a ditadura do proletariado elas não desaparecerão.
As classes mantiveram-se, mas cada uma delas modificou-se na época da ditadura do proletariado; modificaram-se também as suas inter-relações. A luta de classes não desaparece sob a ditadura do proletariado, toma apenas outras formas.
No capitalismo o proletariado era uma classe oprimida, uma classe privada de toda a propriedade sobre os meios de produção, a única classe directa e inteiramente oposta à burguesia e, por conseguinte, a única capaz de ser revolucionária até ao fim. Depois de ter derrubado a burguesia e conquistado o poder político, o proletariado tornou-se a classe dominante: ele detém nas suas mãos o poder de Estado, dispõe dos meios de produção já socializados, dirige os elementos e as classes vacilantes, intermédios, reprime a energia crescente da resistência dos exploradores. Todas estas são tarefas particulares da luta de classes, tarefas que o proletariado não colocava nem podia colocar anteriormente.
A classe dos exploradores, dos latifundiários e dos capitalistas, não desapareceu nem pode desaparecer de repente sob a ditadura do proletariado. Os exploradores foram derrotados, mas não aniquilados. Continuam a ter uma base internacional, o capital internacional, de que eles são uma sucursal. Continuam a ter em parte alguns meios de produção, continuam a ter dinheiro, continuam a ter grande número de relações sociais. A energia da sua resistência cresceu centenas e milhares de vezes, precisamente em consequência da sua derrota. A «arte» de dirigir o Estado, o exército, a economia, dá-lhes uma superioridade muito grande, de modo que a sua importância é incomparavelmente maior do que a sua parte no conjunto da população. A luta de classe dos exploradores derrubados contra a vanguarda vitoriosa dos explorados, isto é, contra o proletariado, tornou-se infinitamente mais encarniçada. E não poderia ser doutro modo se se fala de revolução, se não se substitui este conceito (como fazem todos os heróis da II Internacional) pelas ilusões reformistas.
Se confrontarmos todas as forças ou classes fundamentais e as suas inter-relações modificadas pela ditadura do proletariado, veremos que ilimitado absurdo teórico, que estupidez é a concepção pequeno-burguesa corrente da transição para o socialismo «através da democracia» em geral, que vemos em todos os representantes da II Internacional. A base deste erro reside no preconceito herdado da burguesia de que a «democracia» tem um conteúdo absoluto, acima das classes. Mas, na realidade, a democracia entra também numa fase absolutamente nova sob a ditadura do proletariado, e a luta de classes eleva-se a um grau superior, submetendo a si todas e quaisquer formas



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