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sábado, 19 de dezembro de 2015

Recessão econômica e o processo de desindustrialização no Brasil

Para que seja possível o entendimento do tema, suas variáveis e características, primeiro é necessário que o contexto econômico e politico seja exposto, para que não se cometa injustiças de cunho analítico ou estatístico. O Brasil vem enfrentando nos últimos anos, primeiro uma queda no crescimento, inicialmente apresentou-se de forma ''leve'', porém constante, o que sucedeu posteriormente não apenas numa baixa temporária do crescimento econômico do pais e sua arrecadação, como uma retração continua do PIB.

O crescimento do PIB brasileiro nos últimos 14 anos tem sido com números modestos[1],(tendo como exceção o ano de 2010, no qual o Brasil cresceu 7,5%, no fim do auge das vendas de commodity), mesmo se compararmos com os outros países dos Brics por exemplo, claro que a China é uma exceção entre todos, não só no que refere-se a Brics, mas mundialmente falando. Para que fique da forma mais transparente possível, em 2012 enquanto o Brasil registrou um crescimento  de 0,5%, a China cresceu 7,6%, a Índia 5,5%, a Russia de 4%, e a Africa do Sul 3,2%[2]. 

Quando a China começa a sofrer com a desaceleração econômica, isso afeta não só o Brasil[3], como o mundo[4],[5], primeiro e de maneira mais intensa nos países dependentes da exportação de matéria prima, como minério de ferro, soja, petróleo( sendo que o preço do barril chegou aos 30 dólares, por haver uma alta oferta do mesmo, principalmente por conta da exploração do xisto nos E.U.A, e da decisão da OPEP em não reduzir a produção, capitaneada pela Arabia Saudita, aliada de longa data dos Estados Unidos no oriente médio),[6],[7],[8].

Diante dessa crise econômica, que não depende apenas de fatores internos de reação, mas que contribuem evidentemente para sua piora, já que a receita adotada pelo governo Dilma, é o mesmo adotado pela oposição quando esteve no governo, com menor grau de intensidade, porém que tem como consequência os mesmos resultados, queda no crescimento, desindustrialização, desemprego, inflação e aumento dos juros para facilitar a vida dos especuladores e rentistas[9],[10],[11],[12].

A retração do PIB, e por consequência a recessão econômica[13],[14], está levando o Estado brasileiro para uma das piores crises estruturais no que tange não só a economia, como a politica e social, já que há uma reação em cadeia quando os problemas econômicos afetam duramente a população de forma direta. É o caso da inflação[15], e do desemprego[16], ambos estão diariamente na realidade concreta da classe trabalhadora, desde quando vão comprar um simples pão, até quando são demitidos por contingência financeira por parte da empresa.

Déficits econômicos sequenciais levaram os brasileiros de modo geral, não mais apenas a classe média, há uma inquietude e falta de paciência com o governo. Nesse diagnóstico também é possível inserir os seguidos casos de corrupção explorados pela mídia diariamente, que juntam-se  aos problemas econômicos e transformam-se num barril de pólvora, provocado constantemente com faíscas vindas das decisões politicas(na economia) tomadas pelo atual governo, sempre tentando cortar gastos em setores essenciais do serviço público, como educação[17] e saúde[18], para gerar superávit para o pagamentos dos juros da divida[19],[20],[21], o maior assalto cometido contra o Brasil, ao lado da sonegação fiscal bilionária[22].

Tal momento politico e econômico, e a falta de uma perspectiva de melhora a curto prazo, provoca uma insatisfação  recorrente de ponta a ponta. Ou seja, não presa apenas a oposição politica de direita, a elite ou a classe média mais conservadora, é possível visualizar claramente durante todo esse período, um aumento muito mais do que considerável entre as camadas populares, os trabalhadores, que não mais estão tendo paciência, ou mesmo esperança, no atual governo e sua politica de ajuste fiscal e corte de direitos, enquanto a elite(ou parte dela), mesmo articulando um golpe contra a presidente da republica são agraciados com o aumento de juros, faturando na especulação financeira, em detrimento do país que se afunda cada vez mais na recessão, e na crise institucional.

Um dos problemas acarretados pela crise econômica, e as decisões politicas que vem sendo tomadas para contorna-la, é a aceleração da desindustrialização do país. Esse fenômeno iniciou-se não só no Brasil, mas na África, como toda a América Latina, e o Oriente Médio no curso dos últimos trinta anos, desde a crise da dívida externa dos anos 1980,  é a chamada ''desindustrialização precoce''[23], ou seja, a industria nacional antes do seu desenvolvimento completo, seu auge, começa a sofrer um retrocesso nas suas capacidades de produção, não só tecnológica, mas de investimento.

Há outros fatores que englobam a desindustrialização, e que podem estar interligados entre sí ou não, por exemplo, entre eles está a realocação da mão de obra da indústria para o setor de serviços, em outras palavras, terceirização(diga-se de passagem proposta essa impulsionado pelo próprio empresariado brasileiro),[24]. Outras questões como produtividade, investimento, aumento da renda per capita, já que a participação do emprego industrial também é reduzida em contrapartida ao aumento do emprego dos demais setores, também influenciam nessa questão e nas suas variáveis.

No Brasil, esse problema começa a tornar-se mais evidente e  ganha maior notoriedade, a partir de 2008,09. Mas já demonstra seus resultados alarmantes na década de 90, quando começa o processo de privatização das empresas públicas[25], Incluindo a siderurgia nacional, fundamental para a industria pesada e seu planejamento a longo prazo, com a privatização os interesses nacionais foram postos a vontade de investidores estrangeiros, que atualmente decidem os rumos produtivos do país.

Como não é do interesse dos países desenvolvidos, que os países em desenvolvimento tenham sua própria industria nacional, independente e soberana, logicamente utilizam-se da privatização, para manter sua hegemonia politica, econômica, tecnológica e estrutural perante esses países, fazendo apenas a disputa entre seus próprios blocos econômicos, ou seja, os bancos e multinacionais. Mantendo os países em desenvolvimento sob controle, endividados e como seu principal cliente industrial e financeiro.

Além do que já foi exposto, é fundamental explicitar mais alguns dados para seja possível ir mais fundo nesse problema. Todas as inter-relações, contextos variáveis internas e externas foram colocadas justamente para detalhar da melhor forma possível as circunstâncias, motivações, e decisões que levam o desenvolvimento industrial brasileiro estar em declínio, e portanto retrocedendo. Em 2015 encaminhamo-nos para ''menos de 9% na participação da indústria de transformação no PIB (Produto Interno Bruto). O setor de serviços já alcança cerca de 60% da mão de obra ocupada. A redução do crescimento médio anual do PIB per capita, de 4,1% entre 1950 e 1980 para 0,9% de 1981 a 2014 - inferior a 1% ao ano, comprova a desestruturação no período''[26].

Esses dados, entre outros que foram colocados, apenas confirmam esse processo, desde seu inicio até o atual momento em que vivemos. Seus desdobramentos já são vistos na crise do sistema capitalista que arrasta-se há mais de 5 anos, e com o aprofundamento da crise econômica e politica, nacional e internacional, que se mostra irremediável, principalmente nessa estrutura econômica com o alto grau de especulação financeira, tanto sua amenização e muito menos a resolução a curto e médio prazo viram, a tendência é o aumento do desemprego, dos cortes em direitos sociais e mais ''explosões das bolhas financeiras'', como dos E.U.A em 2008[27], no qual os bancos foram salvos pelo Estado[28], ou da China[29] que mostra seus limites, mesmo o Estado intervindo tentando impedir o inevitável[30].

A solução desses problemas(que se inter-relacionam) virá com a anulação da dívida pública, nacionalização da industria e estatização do sistema financeiro, reestruturando todo o planejamento de desenvolvimento do Estado nacional. Colocando como princípios a garantia ao emprego, salário digno e todos os direitos fundamentais. Investimento em infraestrutura, de mobilidade férrea e viária, ampliando a capacidade tecnológica nacional e toda a sua cadeia produtiva.


Notas:


































quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

A crise politica e a falta de uma alternativa concreta para os trabalhadores

No ultimo período temos acompanhado as disputas que estão ocorrendo nacionalmente, não só entre governo e oposição(que trabalha pelo golpe), mas a oposição de esquerda que tenta apresentar-se como alternativa para esse momento de divisão e acirramento do país. 

Atualmente o cenário politico é complexo, as ações não estão sendo feitas com a clareza necessária, justamente pelo fato das diversas forças e atores sociais envolvidos estarem também em crise. Mesmo diante de tal desprestigio não só econômico, politico, como moral, o PT e suas forças de mobilizadoras(CUT,MST,CMP entre outras) seguem firmes, apesar de alguns desvios, unidas contra a articulação do golpe por parte da oposição, e de uma parte da anteriormente aclamada base aliada.

É necessário frisar que a esquerda nacional esta na defensiva, o ataque advindo da direita em seus mais variados aspectos e formas, está mostrando uma nova etapa na luta de classes e, em consequência da organização da classe operária. A crise econômica que com o passar dos dias apenas aumenta, por meio de ações do próprio governo, além do cenário internacional claro, aponta para uma radicalização e aprofundamento das manifestações populares que, até o momento vem ocorrendo de maneira esparsa, pouco unificada e com dificuldades para evoluir em suas reivindicações.

No PT, a crise interna esta levando há uma maior divisão das alas do partido, fazendo que, até o momento, a burocracia, e a direita venha dominando em alguma medida, a forma como o partido posiciona-se inclusive contra o golpe. Moderadamente e com vacilação, ao contrário de sua base social(mesmo desgastada),, que apesar dos ataques sofridos pelo próprio governo nos seus direitos, coloca-se na rua e gritando aos quatro ventos ''Não vai ter golpe''.

Nesse sentido deve-se apontar algumas das circunstâncias pelas quais há uma organização, mobilizações e posicionamento das bases e movimentos sociais contra o golpe. Do outro lado, ou seja, da direita, é claramente perceptível as intenções que motivam ações dessa natureza, já tornaram isso público com seus planos e propostas privatistas e reacionárias, conseguindo ultrapassar, o que mostra-se difícil imaginar até pouco tempo atrás, a politica de ajuste fiscal do atual governo

Quando a direita é citada, deve também ser mostrado seu histórico quando governou o país, porque ademais de tanta confusão, muitos esquecem e outros nem viveram a época na qual a direita governava diretamente o país, sem intermediários. Estatais de grande importância foram privatizadas, e pior, a preço inferior ao qual valiam, o que configurou fraude no caso da Vale[1], além dos sistemas de comunicação, entre outras. Se soma ao todo apenas no governo do PSDB, 125 estatais vendidas[2].

Obviamente, pelo governo do PT ser de conciliação de classes, e de cunho social-democrata moderado, em nenhum momento reverteu qualquer venda realizada anteriormente, e isso ficaria claro para todos antes mesmo do Lula assumir, na sua famosa carta aos brasileiros[3]. E depois de tomar posse, não só o então presidente Lula, como posteriormente Dilma Roussef ampliaram o modus-operandi de concessão e abertura de capital de empresas públicas, o que também é entregar o patrimônio nacional, do povo, ao interesse do mercado e do capital privado[4],[5]..

Como se vê a situação é dífícil, e que ocasiona um desgaste social e politico de ambas as forças majoritárias em disputa. O problema é que não há alternativas concretas a essas expostas, uma realidade que apresenta-se de forma fria, porém baseada no que foi construído, organizado, mobilizado durante todos esses anos pela oposição de esquerda, ou seja, nada. O trabalho de base em grande medida foi abandonado( pelos que antes faziam algum), ações pontuais são feitas, mas isso não forma uma base de massas independente como a esquerda vem defendendo.

Temos visto o surgimento desde 2013 o contrário da organização coesa e unificada que a esquerda coloca, ou mesmo faz propaganda. São movimentos espontaneístas, com um alto grau de rejeição a partidos, seja quais forem, lideranças, ou qualquer menção há algum tipo de autoridade representativa. O que é completamente contrário ao conceito teórico e pratico da esquerda(marxismo), não surpreende as inúmeras e visíveis influências anarquistas nesses novos movimentos.

Grande parte dessa rejeição vinda dos jovens, já que primordialmente os movimentos espontaneístas, do tipo anarquistas, são formados pela juventude, advém do fato do oportunismo, da paralisia e da falta de trabalho militante, que tais partidos não tiveram e não tem durante todo esse tempo, ao contrário, a grande parte da militância é universitária e fica presa a esse mundo, isolando-se e criando um discurso que apenas dialoga com os seus.

A mistura da falta de conhecimento, com a má atuação dessas organizações partidárias, resultou numa juventude que em determinados casos é combativa, adeptas da ação direta e não cai na influência da direita, como o movimentos dos secundaristas, porém que por falta de teoria critica,coesão, lideranças, e experiência não consegue avançar de forma efetiva e ampliar sua luta para um movimento que ultrapasse suas reivindicações iniciais, gerando assim o isolamento politico e a divisão.

Já passou, e muito da hora de reiniciar de forma massiva o trabalho de base nas favelas, periferias, fabricas e rincões desse país. Para que possamos criar a médio prazo uma alternativa concreta de lutas, que seja ampla e combativa, e não para períodos eleitorais(ou apenas para se ganhar eleições), avançar no caminho da organização é fundamental para que não se torne refém de mobilizações apartidárias, anarquistas, divisionistas e que isolam-se com o tempo, e muito menos sem oportunidade de reação quando o momento politico clama por mobilizações populares de massa e combatividade.

Exemplos e resultados de trabalhos desse tipo temos alguns que vem nos mostrando bons frutos, como a Venezuela(mesmo com o revés eleitoral a organização e mobilização popular é gigantesca), Bolívia e mesmo alguns mais moderados como Equador. Todos eles tem em comum, de acordo com sua realidade e história, o fato de a esquerda ter se organizado e formado bases sólidas de luta, que apesar dos problemas e desvios que possam acontecer, mantem-se de maneira ativa, mobilizada e seguindo no caminho do aprofundamento dos seus processos organizativos, teóricos e de conquistas. 

Só é possível falar em alternativa concreta, fazer chamados nesse sentido, quando ela existe, caso contrário torna-se uma palavra ''de ordem'' vazia, sem significado e muito menos de intervenção na realidade concreta. O que causa ainda mais confusão na crise  e acirramento politico que vivemos, apontar para o trabalho de base é o ponto para começarmos a construir o sentido real da palavra alternativa de esquerda independente.

Notas:

















terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Sistema tributário no Brasil, um roubo contra os trabalhadores

Para falar sobre esse tema, primeiro deve-se explicar do que se trata e para que serve, justamente para que possamos entender a respectiva analise da melhor forma possível. O sistema tributário de um país é o conjunto de impostos, taxas e contribuições através dos quais o Estado obtém recursos para cumprir suas funções, como fornecer e manter os serviços públicos para a população.

Então, ele é um sistema que pode ou não promover uma maior justiça social, distribuição de renda, e portanto, uma maior ou menor disparidade entre as classes sociais. Tudo isso dependerá da politica aplicada pelos governos, enquanto administradores do Estado capitalista. 

Quando o Brasil é citado nessa área é visível e comprovado que, o sistema tributário brasileiro é extremamente desigual e atrasado. Para que se tenha uma noção do problema,os 10% mais pobres da população comprometem 32% da renda com o pagamento de tributos. Para os 10% mais ricos, o peso dos tributos cai para 21%[1].

Apenas esses números já demonstram a precariedade das leis  tributarias que temos, mas não é só,as pessoas mais pobres e os trabalhadores assalariados são os responsáveis por 71,38% do montante de impostos[2], ou seja, o povo pobre, trabalhador mantém a maior porcentagem de impostos arrecadados pelo Estado brasileiro, em contrapartida, não recebe os serviços públicos como necessita, e muito menos em qualidade.

Já a elite nacional é a menos onerada nas tributações, não é a toa que por conta de tais circunstâncias a desigualdade não é diminuída de forma relevante, e que as disparidades sociais se mantenham ainda que programas assistências sejam feitos paralelamente a esse problema.

Aumentar a renda de todas as classes sociais não faz o país mais justo economicamente, isso só acontece quando há uma contensão de acumulação junto aos mais ricos, se não apenas faz o pobre ter uma renda um pouquinho melhor, que pode ser perdida quando houver crises econômicas, politicas, o que mostra-se comum no capitalismo, enquanto a elite mesmo em tempos de crise consegue uma acumulação de capital, exemplo, os bancos e/ou o próprio capital industrial que tem muito dinheiro em especulação financeira[3].

Quando vemos os países do G20, o Brasil é o terceiro com menor parcela de imposto nas duas faixas de renda mais altas, um exemplo, o contribuinte que ganha 415 mil anualmente, depois de pagar o imposto fica com 73,3%, sendo que a média do G20 é 65%, ficando assim atrás apenas de Russia e Arábia Saudita[4], .

Uma das causas desse problema é que grande parte das tributações se dão no consumo e salário, o que consequentemente ataca os mais pobres, o trabalhador, dificultando assim o desenvolvimento maior da economia, já que o consumo movimenta a economia capitalista através da compra de produtos e serviços, sendo esses mais caros, logo o consumo será menor( ou não tão grande quanto poderia), principalmente em momentos de retração econômica e crise politica. 

Sobre essa questão um estudo mostra que, no Brasil 55,74% das receitas de tributos vieram do consumo e 15,64% da renda do trabalho em 2011, somando 71,38%. Nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a média desta soma está em 33%[5]. Diante desse fato fica claro qual a classe social prejudicada e portanto, a que encontra mais dificuldades para sobreviver e ter suas necessidades supridas. 


Outra circunstância deve ser lembrada, é que quase metade da população brasileira vive com um salário minimo[6], não chegando aos 800 reais, tendo como gastos fundamentais, aluguel(com especulação imobiliária nas grandes cidades, criando o fenômeno da gentrificação), luz(aumentos sequências), água( alguns estados tendo seca) gás e alimentos essências. Por isso o Dieese estipula como salário minimo 3.240,27[7], essas situações demonstram o tamanho grau de desigualdade que vivemos, e os únicos favorecidos  nesse sistema são os ricos. 


Tributações e impostos sobre o patrimônio e renda do capital são ínfimas, se comparamos com o que é feito em outros países, ou como o próprio Estado brasileiro poderia fazer diante da sua experiência histórica. Para que se tenha uma compreensão desses fatos, podemos afirmar que anualmente são perdidos em média, 200 bilhões de reais com isenção de imposto de renda há  71.440 brasileiros, isso acontece graças há uma lei de 1995[8]. 


Caso houvesse a taxação dessas fortunas, no mais alto corte da receita federal(de 27,5%), seria possível arrecadar anualmente 50 bilhões de reais, valor que o governo gostaria de conseguir pelo aclamado ajuste fiscal, no qual é cortado investimento de áreas importantes, educação[9], saúde[10] e infraestrutura por exemplo. Números como esses demonstram como o país sofre o parasitismo financeiro, não só na especulação do mercado, mas no acumulo desse capital sequer taxado por qualquer tipo de imposto que possa trazer algum retorno a população.


Há quem interessa impostos sobre os pobres, assalariados ? Logicamente a elite, que não é taxada, e por isso transfere o peso tributário a classe trabalhadora fundamentalmente. Mantendo assim seus lucros intactos, sendo isso possível por governos que apenas serviram/servem como instrumento dessa elite para controlar o Estado e utiliza-lo contra os pobres.


As experiências internacionais[11], quanto ao assunto mostram que, é possível e importante tributar grandes fortunas, lucros e patrimônio dos ricos. Porque isso gera claramente uma arrecadação maior, essa é a primeira parte da questão, a segunda é por meio dessa tributação aumentar, melhorar e criar programas e direitos sociais para os pobres, a classe trabalhadora, dinamizando assim os ganhos, aumentando o potencial econômico e social das pessoas(a renda básica aumenta, a desigualdade diminui, consequentemente a sociedade se estabelece de maneira mais equilibrada).


É obvio que apenas uma reforma tributaria não resolverá o problema da desigualdade social, há outras questões relacionadas ao sistema capitalista que não permite tal conquista, como a acumulação de capital, o sistema financeiro controlado  pelo mercado, o comércio exterior em mãos da iniciativa privada, fazendo, que percamos nossa soberania nas negociações.


Coloca-se como objetivo a curto e médio prazo é a obtenção de dividendos da elite para o financiamento efetivo do Estado, seus serviços, e a contenção mesmo que não definitiva, da disparidade de renda, desigualdade social, e em consequência do aumento da pobreza. Com essas ações é possível aumentar a distribuição de renda, não só de forma direta por programas sociais, mas também por direitos elementares, como o salário minimo, emprego, construções de moradia, mais vagas nas universidades públicas.

Evidentemente todas essas ações necessitam de um governo que tenha vontade politica para agir nesse caminho, construir propostas e coloca-las em prática. Não adianta pequenos ''remendos'', isenções fiscais a elite econômica, ou empréstimos a grandes empresas, favorecimento a determinados setores. 

O que fará o país avançar tributariamente será justamente o contrário, impostos e punições aos sonegadores bilionários, no qual várias grandes empresas estão envolvidas[12], retirada de tributações dos pobres, dos trabalhadores. E uma equalização no investimento desses recursos nos serviços e direitos sociais, reestruturando a maquina pública para sua maior eficiência através da participação direta da população nos respectivos planejamentos e ações do poder público.

Referências utilizadas para o artigo, links:
































sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Feminismo liberal: Um veneno burguês na luta das mulheres

Primeiramente deixo claro que, como comunistas, socialistas e revolucionários, devemos ter em mente que a mulher é fundamental na luta pelo socialismo. Sem a sua participação o movimento comunista, progressista de um modo geral, não tem a capacidade de luta, organização e mobilização necessárias para a revolução, e claro para alcançar o socialismo e durante todo seu período de transição.

Dito isso, a abordagem desse texto refere-se ao feminismo liberal, atualmente majoritário entre as mulheres, principalmente entre a classe média universitária, e a burguesia. O feminismo liberal é essencialmente burgues, porque não é uma teoria baseada no coletivo, ou seja, sua forma de ação e representatividade é individual, suas reivindicações, discursos e palavras de ordem são em prol do individuo e não de uma  classe social, ou seja, a operária.

Uma forma de esclarecer ainda melhor, é colocar seu significado literal, o ''Feminismo liberal é uma forma individualista da teoria feminista, que se concentra principalmente na capacidade das mulheres de mostrar e manter sua igualdade através de suas próprias ações e escolhas''. Isso mostra o tipo de teoria perniciosa que coloca-se atualmente entre as mulheres, que na suas justas e mais que necessárias reivindicações, se veem recrutadas pelo liberalismo, defendendo assim não pautas das mulheres da classe operária, e portanto classistas, e sim servindo ao capital,a burguesia e suas manipulações.

O feminismo liberal é uma arma do capital, criado pela burguesia, para distorcer e superficializar uma luta que é pela libertação da mulher, enquanto explorada não só pelo patriarcado, mas também pelo capitalismo. Fazendo isso, a burguesia consegue desviar o objetivo central da exploração econômica mantida pelo capital, para pautas individuais e de cunho pequeno burgues( como alteração de palavras, pelos ou não no corpo etc), que na prática não mudam em nada a realidade concreta a vida da mulher proletária, já que a exploração pelo capitalismo, a diferença salarial etc, não se alteram por essa via.

Essa parte da exploração, colocarei uma das feministas marxistas do século XX mais importante para detalhar sobre, Alexandra Kollontai diz ''A mulher, a mãe operária, sua sangue para cumprir três tarefas ao mesmo tempo: trabalhar durante oito horas num estabelecimento, o mesmo que seu marido; depois, ocupar-se da casa e, finalmente, tratar dos filhos. O capitalismo pôs nos ombros da mulher uma carga que a esmaga; fez dela uma assalariada, sem ter diminuído o seu trabalho de dona de casa e de mãe. Assim, a mulher dobra-se sob o triplo peso insuportável, que lhe arranca amiúde um grito de dor e que, às vezes, também lhe faz verter lágrimas. O afã foi sempre a sorte da mulher, mas nunca houve sorte de mulher mais terrível e desesperada que a de milhões de operárias sob o julgo capitalista durante o florescimento da grande indústria''. Ou seja, o feminismo liberal em nada liberta a mulher do julgo capitalista, e muito menos pode proporciona-la meios(de forma coletiva) de livrar-se do trabalho domestico.

Em outro texto, Alexandra Kollontai demonstra avanços importantes que foram conquistados após a revolução socialista na Russia, e aponta que só a luta coletiva, classista, revolucionária pode caminhar de forma ainda mais rápida e melhor no objetivo de emancipação da mulher, ela diz ''A Revolução de Outubro emancipou a mulher: hoje as camponesas têm os mesmos direitos que os camponeses, e as operárias, os mesmos que os operários. Em todo lugar a mulher pode votar, ser membro dos sovietes ou comissária, e até comissária do povo''. Conquistas que nos países capitalistas ainda demoraram muito tempo para acontecer, isso nesse caso, sem citar o aborto, que foi prontamente aprovado pós revolução.

Num outro trecho é apontado que ''A classe operária também está interessada em liberar a mulher nessas esferas. Os operários devem entender que a mulher é tão integrada à família do proletariado quanto eles próprios, pois ela trabalha sob as mesmas condições que o homem. Um terço de todas as riquezas da Terra surge das mãos das mulheres; a Europa e a América contam 70 milhões de operárias. Numa sociedade comunista mulher e homem devem ter direitos iguais! Sem essa igualdade, não há comunismo''. Atualmente a mulher esta muito mais integrada ao mundo trabalho do que anteriormente, porém no capitalismo as diferenças salariais para a mesma função se mantém, o interesse da burguesia, e óbvio do feminismo liberal, é que tal situação não seja lembrada, justamente para não despertar a luta de classe.

Não é por coincidência que ultimamente a pauta sobre o feminismo vem ganhando manchetes, e inclusive publicidade por parte das empresas.O interesse não é a emancipação da mulher, e muito menos proporcionar um entendimento revolucionário sobre o tema da exploração, a única coisa que os capitalistas desejam é a manipulação, a superficialidade e a subjetificação dos temas fundamentais da luta feminista, que é essencialmente socialista, pois só no socialismo conquistará sua libertação de forma plena e concreta.

Então qual deve ser o posicionamento duma mulher feminista, revolucionária e marxista?Logicamente a Alexandra Kollontai deixa explicito quando faz um chamado as mulheres soviéticas da época.''Então, mãos à obra, camaradas trabalhadoras! Iniciem sua emancipação! Construam creches e maternidades, ajudem os sovietes a organizar refeitórios públicos, ajudem o Partido Comunista a edificar uma nova e radiosa realidade. Tomem lugar nas fileiras de todos os que lutam pela libertação dos trabalhadores, pela igualdade, pela liberdade e pela felicidade dos filhos de vocês. Tomem lugar, operárias e camponesas, sob a bandeira vermelha revolucionária do vitorioso comunismo mundial!

Links dos textos que tirei sobre a Alexandra Kollontai


















quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Não existe uma 3° via para o momento atual do Brasil.

Alguns sonhadores/as da esquerda, acreditam ser possível chamar eleições gerais, constituinte e coisas dessa estirpe no atual momento politico. Só pode dar esse tipo de ''orientação'' ou propor tal ''palavra de ordem'' a pessoa ou grupo politico que esta totalmente desconectado da realidade, e em consequência das disputas colocadas na realidade concreta.
No momento não há organização e muito menos força da esquerda para chamar outras eleições ou constituinte. A correlação de forças esta favorável a direita, o avanço é conservador, no momento a esquerda apenas resiste e com muita dificuldade diante de tal circunstância.Esse tipo de evento, mesmo se fosse possível juridicamente, favoreceria apenas elementos reacionários, em grande maioria de extrema-direita, que estão dispostos a preencher qualquer brecha institucional para o aumento da sua participação no Estado, seja através de mais elementos eleitos, ou de novas legislações aprovadas.
Devemos também lembrar que a palavra de ordem ''fora todos'', que num primeiro instante soa bonita, revolucionária, na realidade concreta é reacionária, porque o único politico que esta ameaçado claramente, e com uma articulação clara para ser derrubada, é a presidente Dilma. Aécio, Temer e Cunha são esses articuladores, e não saíram tão cedo de seus cargos, ao mesmo que se inicie um levante popular, o que não esta acontecendo até o presente dia.
Há agora, como desde a eleição no segundo turno de 2014, dois caminhos, ou se apoia o impeachment/golpe, ou luta-se contra o impeachment/golpe.Claro, reafirmando aqui o que já coloquei num outro texto, de forma independente, e apontando para radicalização, mostrando essa necessidade para a classe operária, conscientizando-a. É mais do que possível, como fundamental, lutar contra o avanço da extrema-direita em todos os campos, inclusive no que refere-se a questão institucional.
É um momento muito difícil para a esquerda, o próprio governo age contra os trabalhadores em sua politica econômica,portanto contra sua pretensa base social(isso por sua vez deixa ainda mais complexo o cenário politico).O governo tenta apoiar-se constantemente em partidos e políticos que desejam retira-los de lá, porém o que se mostra como ''alternativa'' para o povo é uma oposição ainda pior do que o atual governo, uma oposição que claramente controla, pertence e tem vínculos com a extrema-direita, e aqui não podemos deixar de pontuar, a politica capituladora e conciliatória do PT favorece esses agrupamentos.
Manifestar-se contra o impeachment/golpe não é ser governista e muito menos apoiar a politica econômica, conciliatórias e capituladoras desse governo. Se posicionar contra o impeachment/golpe é uma decisão baseada na realidade concreta, sem idealismo, e sem vacilação,apontando para o caminho de lutas que a classe operária precisa iniciar, como as greves, ocupações e manifestações de massa, por isso um programa independente deve ser debatido, criado e colocado como forma de diferenciação a outras forças politicas que apenas querem defender a dita ''democracia'' e suas instituições.
É fundamental criar um cronograma de lutas, mobilizações e de avanço no que se refere a propostas, para que se possa construir um programa, bem detalhado, contrapondo-se assim apenas a posição defensiva e de resistência que a esquerda vem fazendo no ultimo período.
Portanto, organizar, mobilizar e conscientizar a classe operária da necessidade de combater a direita e a extrema-direita, nas ruas, e também o seu avanço no campo institucional, como esta se dando por meio do impeachment/golpe. A única forma de se fazer isso, repito, é chamando a organização, greves, manifestações, ocupações e a construção de um programa conjuntural de propostas.

A direita e a extrema-direita recuam, quando a classe operária coloca-se em movimento, não serão acordos e muito menos a justiça burguesa que fará esse papel.