A doutrina do choque se baseia em ataques agressivos diretos
contra a população nos seus direitos mais elementares, principalmente na
economia, voltando-se sempre contra as riquezas nacionais e o patrimônio
publico.
Temos na história alguns exemplos dessa metodologia
neoliberal, em particular, a partir dos anos 70. Provavelmente as experiências
mais fáceis de apresentar como exemplo prático que tem como
principio o neoliberalismo, seja o Chile de Pinochet, assim como os
Estados Unidos, de Ronald Reagan, ou, sem esquecer, Iraque e
Líbia pós-invasão norte-americana.
O neoliberalismo nasce na escola de Chicago
A escola de Chicago atua como chave mestra
na arte da destruição social, com um objetivo claro; a entrega completa dos
bens públicos nas mãos do capital privado, de preferencia, lógico, por preços estranhos
(bem abaixo do preço de mercado) a própria estrutura do livre mercado.
Numa entrevista, a autora do livro ''A doutrina do
choque'' Naomi Klein mostra como foi criada o celeiro do
neoliberalismo nos Estados Unidos.
''A
Escola de economia de Chicago representa essa contrarrevolução contra o Estado
de bem estar social. Nos anos cinquenta, Harvard e Yale e as oito escolas mais
prestigiadas dos EUA estavam dominadas por economistas keynesianos, pessoas
como John Kenneth Galbraith, que
acreditava que depois da grande depressão, era crucial que a economia
funcionasse com uma força moderadora do mercado. E foi a partir daí que nasceu
um ‘novo contrato’, a do Estado de bem estar social e tudo isso que faz com que
o mercado seja menos brutal e se tenha uma espécie de sistema público de saúde,
seguro desemprego, assistência social, etc.
A
importância do Departamento de Economia da Universidade de Chicago é que
realmente ele foi um instrumento de Wall Street, que financiou muito, muito
consideravelmente a Universidade de Chicago. Walter Wriston, o chefe do
Citibank era muito amigo de Milton Friedman e a Universidade de Chicago se
converteu em uma espécie de ponto de partida da contrarrevolução contra o
keynesianismo e o novo contrato social com o objetivo de desmanchá-lo''.
O maior representante ideológico dessa tirania é o
economista Milton Friedman, diga-se na verdade o elemento que
conquistou maior destaque internacional pelos seus contatos políticos e por seus
estratagemas financeiras.
O que é
Doutrina do choque?
A filosofia da Doutrina do Choque é de poder, assim como
tudo relacionado á politica, tem sempre ligação direta com o neoliberalismo e
por consequência, o sistema financeiro. Importante ressaltar a necessidade dos
elementos implantadores dessa estratégia na instauração do caos social.
Para o neoliberalismo existe uma evidente preocupação com a
ordem (no discurso), mas na pratica é importante que a desorganização possa
reinar, pois, dessa forma, as medidas que são largamente antipopulares podem
ter um desenvolvimento mais rápido e amplo.
A confusão, as discussões, as brigas e disputas, geralmente
por motivos secundários e num momento como o descrito, apenas favorecem o rolo
compressor das privatizações criminosas e ataque aos trabalhadores.
Neste outro trecho da entrevista, Naomi
Klein, que sistematizou o funcionamento do neoliberalismo em alguns
pontos importantes e com isso padronizando a metodologia de ação dessas
figuras, diz o seguinte: '' É uma filosofia que sustenta que a melhor
maneira, a melhor oportunidade para impor as ideias radicais do livre-mercado é
no período subsequente ao de um grande choque. Esse choque poder ser uma
catástrofe econômica. Pode ser um desastre natural. Pode ser um ataque
terrorista. Pode ser uma guerra. Mas, a ideia é que essas crises, esses
desastres, esses choques abrandam a sociedades inteiras. Deslocam-nas.
Desorientam as pessoas. E abre-se uma ‘janela’ e a partir dessa janela se pode
introduzir o que os economistas chamam de ‘terapia do choque econômico’'.
O fator de manipulação psicológica das massas,
principalmente através da mídia, já que a propaganda tem um peso relevante
nesse processo. É sempre bom lembrar que todos os sistemas midiáticos existente
advêm de capitais privados, mesmo sendo de concessões públicas, que de nada
interferem em qualquer tipo de barreira aos interesses das elites.
A Tirania neoliberal no Brasil
O atual ''superministro da fazenda'', Paulo Guedes, é um
orgulhoso adepto desse projeto ideológico. E não é por coincidência que o
governo Bolsonaro trabalha exatamente em tal linha de atuação. Ou seja, criando
fatos novos relacionados a questões indenitárias e comportamentais a todo
tempo, enquanto, o plano concreto relacionado à destruição do país avança dia a
dia como um trem bala.
A doutrina do choque no Brasil vem sendo feita linha por
linha das cartilhas internacionais, com a oposição caindo em cada uma das
cascas de bananas que vem sendo jogadas ao chão.
No governo Temer funcionou exatamente dessa forma. Um
exemplo básico foi na formação dos ministérios e secretárias. Ali, por exemplo,
a esquerda se apegou não ao fato de todos estarem dentro um projeto
completamente antinacional e de favorecimento ao sistema financeiro.
Todo o problema, a maio revolta, foi a quantidade de
mulheres, gays e negros, presentes na foto de apresentação para a imprensa do
então governo Temer. Porém nunca citaram o projeto neoliberal criminoso que
estava em voga e as suas consequências futuras junto à população.
E o resultado de toda essa brincadeira e desleixo politico
se mostra na atual conjuntura nacional, não só do ponto de vista
institucional-eleitoral, mas essencialmente ideológico do povo. Primordialmente
a classe trabalhadora e a classe média, ambas, extremante atacadas pelo
neoliberalismo, porém sem um norte organizacional-politico.
Diante das inúmeras cortinas de fumaças, confusões e erros,
uma politica esquizofrênica vem ganhando terreno, enquanto a vontade popular
concreta não é correspondida.
Portanto é fundamental o resgate do nacionalismo real,
baseado num projeto nacional refundador da República, antiliberal,
anti-imperialista e ligado aos interesses populares mais urgentes, como a
reforma agrária, reforma tributária e nacionalização do sistema econômico e do
comércio exterior. Apenas tendo uma estrutura profundamente ligada ás
necessidades orgânicas do povo é que será possível a mudança histórica esperada
e prometida há muito tempo para o Brasil.
Link da ntrevista completa da Naomi Klein
Documentário sobre a Doutrina do Choque
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