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quarta-feira, 16 de outubro de 2019

A Teologia da prosperidade é anticristã: O cristão é anticapitalista

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O titulo do texto pode parecer polêmico, mas não é, se as inúmeras denominações cristãs pregassem o evangelho de forma consistente, verdadeira, tendo como objetivo principal a expansão da palavra, o amor ao próximo e o serviço, ou seja, efetivamente o que está escrito na Bíblia, nada disso seria uma surpresa ou despertaria espanto.

Desde já  é necessário deixar assinalado a real dimensão e responsabilidade das palavras aqui escritas, pois, também sou cristão, e ainda que não fosse o respeito está como princípio básico de convivência para com todos, logo, o intuito passa longe de qualquer tipo de distorção ou angariação de apoio para alguma coisa. 

Pelo contrário, uma posição correta diante do evangelho desperta oposição de diversos lados, neste texto será feito um apontamento, em especial, sobre o problema mais importante que vivemos hoje, dentro da fé cristã.

A questão do dinheiro sempre permeou as religiões, evidentemente, e com certeza o cristianismo nunca ficou fora desse problema. O dinheiro foi criado como um meio de se adquirir objetos, passou a representar o poder, a influência, e, claro, um deus nas mãos dos seus detentores. O famoso Mamon, segundo a própria descrição bíblica.


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Trazendo para os dias de hoje, ou, melhor dizendo, para a década de 1970/80, a teologia da prosperidade(surgida nos Estados Unidos) foi, e ainda é, sem duvida, a maior fomentadora da concepção capitalista, acumuladora, lucrativa, dentro da religião cristã; Utilizando-se de um discurso baseado na autoajuda, distorcendo trechos do evangelho para que se encaixem na pregação, os ''teólogos'' da prosperidade trabalham com afinco na sistemática barganha entre ''milagres'' versus ''sacríficos''(ou melhor dizendo  as ofertas especiais).

Construindo uma imagem de Deus completamente errada e longe da verdade, pois, sempre apresenta a figura de Deus como obrigatoriamente um ser materialista, que para ''dar'' alguma coisa, precisa que também possamos oferecer outra. Esquecem que, na realidade, absolutamente nada que, em tese, poderíamos ceder para Deus justifica em qualquer grau o mínimo de merecimento que seja para que recebamos sequer um grão de arroz.

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Sim, pois, muitos desses ''teólogos'' não tratam com a devida importância o seguinte fato: Perante Cristo, somos pecadores, nossa natureza é pecaminosa, e não há nada que possa ser feito a partir de nós que mude isso. A não ser, o que nenhum deles cita; a Graça e a misericórdia do Altíssimo na vida dos que creem..


''Pois nele vivemos, nos movemos e existimos''

Atos 17:28


É fundamental que isso seja exposto, porque, caso contrário, o erro de cunho interpretativo teológico do evangelho continuará sendo feito, e, não irá ser entendido de maneira assertiva como deve ser.

Este texto não será uma folha de citações bíblicas (ainda que pudesse ser), mas é importante que certas falas sejam lembradas, já que geram incomodo por parte dos adeptos de tal teologia, e, esse é um dos propósitos da palavra, gerar reflexão, provocar arrependimento e mudança.

A mais famosa citação de Jesus:''Disse então Jesus aos seus discípulos: Em verdade vos digo que é difícil entrar um rico no reino dos céus.

E, outra vez vos digo que é mais fácil passar um  camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus.




Ou o Apóstolo Paulo: ''Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína.

1 Timóteo 6:9



''Mas os cuidados deste mundo, e os enganos das riquezas e as ambições de outras coisas, entrando, sufocam a palavra, e fica infrutífera''.



O Apóstolo Paulo novamente: ''Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos;

1 Timóteo 6:17



O episódio dos vendilhões do templo entre outros.




O que significa tudo isso ?


Então os ricos não seriam também filhos de Deus ? Errado !


Todos, dentro do cristianismo, são filhos de Deus, passiveis da Graça e misericórdia, perdão e amor, essa não é a questão.

As raízes dessas citações, do cristianismo em si, do evangelho, é a clareza de que a plenitude do ser, a vida, a paz, o amor, tudo que intrinsecamente importa está longe do âmbito acumulativo material e da barganha. O evangelho nos mostra que o modo certo de viver é o comunitário, em ajuda reciproca de uns para com os outros, da solidariedade, partindo do entendimento básico de que não existe meritocracia no reino e consequentemente numa comunidade em que todos devem ser irmãos.


O Rico não deve ser endeusado como ''abençoado'' por Deus, e o pobre amaldiçoado como sem fé, por questões que estão ligadas essencialmente as limitações socioeconômicas de cada país, região e família. Porque é isso que acontece quando se assume o ponto doutrinário da teologia da prosperidade, financista, barganhista da palavra e individualista no aspecto inter-relacional.

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Jesus não criou nenhuma religião ou teologia ''especifica'', o que Ele criou foi muito superior a tudo isso, e, portanto, para além de toda e qualquer compartimentação proposta pelo homem no seu vasto interesse e desejos.


Exatamente por causa desse fato, não contraponho a teologia da prosperidade, individualista e pseudo-meritocrática a outra teologia que siga uma linha oposta, seria cometer o mesmo erro, apenas favorecendo o outro lado, A oposição vem do próprio evangelho, sem intermediários, líderes ou visionários.

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O verdadeiro cristianismo, ser um pequeno Cristo, é trabalhar pelo equilíbrio social, econômico, uma vida digna para todos. Isso, óbvio, não empurra Jesus em direção ao socialismo, à esquerda, ou coisa que o valha. Como está escrito acima, é muito além de finitas ideologias, teorias, e politicas praticadas por nós.

Mas todo o discurso, trajetória e ações de Jesus, que eram uma coisa só, nunca houve contradição alguma entre os três, teve uma expressão concreta e transparente do seu posicionamento frente á injustiças, a miséria, e a como nós deveríamos agir diante dessas situações.

E em nenhuma delas é alimentar, defender, ou criar formas de exploração e abandono social do outro.



Uma economia crista é solidaria, comunitária e justa!


A economia que funciona para todos, independente da sua origem familiar e social, é um projeto econômico que abarque as mais elementares necessidades humanas coletivas e que permita de maneira equilibrada o desenvolvimento das potencialidades individuais de cada ser humano.

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Só é possível construir um projeto como esse, quando existe o interesse majoritário da sociedade para com o próximo, a coletividade. Um planejamento nacional facilitador do desenvolvimento produtivo, cientifico, cultural e social do país, no qual o povo dentro da diversidade existente de pensamentos, objetivos e caminhos, possam seguir juntos nos preceitos básicos de bem-estar social, sabendo que desse modo todos estarão debaixo do guarda-chuva de uma economia justa, acolhedora, e não excludente da maioria de seus filhos, tratando-os como bastardos.









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