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quarta-feira, 24 de abril de 2019

A influência de Fidel Castro e dos revolucionários cubanos na moda

Fidel Castro, em seu uniforme militar característico, em uma entrevista durante sua viagem a Nova York Crédito The New York Times


Era como se Sinatra fosse se apresentar em Las Vegas. Em 21 de abril de 1959 -a próximo domingo será de sessenta anos milhares de Yorkers fervorosos reuniram-se para acolher um jovem celebridade deixaria Penn Station: Fidel Castro, o líder dos revolucionários cubanos.

Menos de quatro meses antes, tinham derrubado uma ditadura militar implacável através de uma campanha totalmente incomum também tinha uma enorme popularidade: atraiu maior do que qualquer outro líder estrangeiro na história das multidões da cidade. Enquanto as pessoas gritavam "Fi-del, Fid-el-Fi del" maneira Castro através do cordão policial abriu e começou a apertar as mãos com os presentes, como se fosse um candidato presidencial.

Foi o começo de uma série de eventos de relações públicas em uma turnê de vitória de quatro dias que cativou Nova York, e foi um marco na história da moda. De acordo com Sonya Abrego, historiador de moda masculina do século XX, era o verdadeiro surgimento do que mais tarde "chic radical" (o antigo uso provocantes marcadores visuais relacionados a causas militares que ainda influencia o que vestir hoje) seria chamado.

Quando a fotografia de Castro apareceu na primeira página do The New York Times depois de sua chegada, a legenda era quase desnecessária: todos imediatamente reconheceram o homem por seu estilo único de se vestir, que combinou um uniforme, um tampão militar de trabalho e uma barba desalinhada.

Sua comitiva de setenta pessoas estava cheia de ex-guerrilheiros vestidos com calças cáqui, cujo impressionante cabelo facial se tornara um símbolo tão poderoso em Cuba que eles eram conhecidos simplesmente como os ''Barbudos''.

"Em certo sentido, Fidel, Che e os Barbudos foram os primeiros hippies", disse Jon Lee Anderson, autor de Che: A Revolutionary Life e uma biografia de Castro que está prestes a ser colocada à venda. "Eles entraram em cena no início da era da televisão como os rebeldes mais sexy. Sua aparência como um todo, com cabelos longos, barba e boina, era forte e fazia parte do espírito da época. "

El Che Guevara com Lisa Howard, periodista da ABC, em Cuba, m 1964 CreditElliott Erwitt/Magnum Photo


Naquela época, muitos jovens americanos mostravam os primeiros sinais de desencanto com o que consideravam ser o forte conformismo da era da Guerra Fria. O hino de liberdade de Allen Ginsberg, Howl, foi publicado em 1956; No caminho, de Jack Kerouac, em 1957. O segundo sexo, de Simone de Beauvoir, estava sendo traduzido e o movimento pelos direitos civis ganhava impulso.

"Em certo sentido, Fidel, Che e o Barbudo foram os primeiros hippies."

JON LEE ANDERSON, JORNALISTA

Os cubanos formaram uma ponte estilística entre os Beats e a contracultura dos anos 1960, segundo Abrego.

"A história da moda não é linear", disse ele. "Poderia facilmente ter havido hippies de cabelo comprido sem Che, mas a impressão de que os cubanos deixaram a paisagem estilística da roupa é autêntica", acrescentou. Sua revolução foi mais fotogênica e o estilo rebelde dos cubanos se infiltrou nos Estados Unidos.


Como o estilo foi projetado

As barbas nasceram da necessidade. Depois de um desembarque anfíbio no leste de Cuba em dezembro de 1956, nem Fidel nem seu pelotão de cerca de vinte sobreviventes tinham ancinhos.

No entanto, seu cabelo facial desbotado logo se tornou um "símbolo de identidade", explicou o líder depois ao jornalista espanhol Ignacio Ramonet, cujas entrevistas com Fidel são compiladas em Fidel Castro: uma biografia de duas vozes. O estilo acidental tornou-se permanente "para manter o simbolismo".

Outros elementos do estilo revolucionário foram combinados durante a campanha, como foi lindamente catalogado em revistas de moda. Em 1958, Raúl, o irmão mais novo de Fidel, foi fotografado pela Life com cabelos na altura dos ombros e um gracioso chapéu de cowboy.




Fotografias do misterioso e bonito médico argentino Ernesto Guevara, conhecido como Che, mostraram que ele também deixava o cabelo crescer e usava uma boina preta que logo ficaria famosa.

Além disso, não eram apenas homens. No início de 1958, um fotógrafo espanhol viajou para Sierra Maestra como enviado de Paris Match e voltou com imagens que incluíam um dos principais líderes das guerrilhas, Vilma Espin (graduação de Instituto de Tecnologia de Massachusetts), com uma borboleta flor branco atrás da orelha, pressagiando a imagem prototípica dos jipis e das flores.

Nas fotografias, também apareceu Celia Sanchez, o principal organizador dos rebeldes e que havia projetado o seu próprio uniforme com calças de sarja apertadas e uma camisa militar V-neck (como Dickie Chapelle, um dos primeiros fotógrafos de guerra americano, Eu viajei com eles).

Em julho de 1958, Espín apareceu na Life com um rifle carregado no quadril, como a versão cubana de Bonnie Parker, do famoso casal composto por Bonnie e Clyde. Em um mundo governado por Doris Day, à beira do movimento feminista, a semiótica era subversiva.

Antes da visita de Castro para os Estados Unidos em 1959, os cubanos tinham contratado o agente PR prestigiada de Madison, Bernard Rellin Avenue, para a soma generosa de mensal de US $ 6.000, para aconselhar o seu líder sobre como ser atraente para os americanos.

Quando se encontraram em Havana, Rellin disse a Castro que os revolucionários deveriam cortar o cabelo. Castro recusou. Ele conhecia o poder do estilo "rebelde barbudo".

Foi uma decisão inteligente. Em abril, a imagem característica de Castro tornara-se tão famosa que uma empresa de brinquedos dos EUA produzia cem mil chapéus militares com barba infantil, vendidos com chapéus estilo guaxinim ao estilo Davy Crockett e capacetes gastronômicos. Joe

Cada boné militar era adornado com o logotipo preto e vermelho do revolucionário Movimento 26 de Julho e as palavras "El Libertador", que se referiam ao herói da independência Simón Bolívar.

A visita de quatro dias de Castro a Nova York se desenvolveu entre um turbilhão de pêlos faciais e uniformes militares. Sua imagem pitoresca apareceu em cenários oficiais e turísticos: o prefeito Robert F. Wagner recebeu Castro na prefeitura; cumprimentou estudantes com olhares de espanto na Universidade de Columbia; Ele visitou os escritórios do The New York Times e falou diante de uma multidão de dezesseis mil pessoas no auditório do Central Park.

Tudo isso aconteceu no momento perfeito para influenciar os americanos, disse Nathaniel Adams, um escritor especializado em subculturas de moda. A enxurrada de imagens da mídia coincidiu com o boom econômico no Ocidente, que gerou uma nova classe de jovens consumidores com dinheiro para gastar.



"Esta foi a primeira vez que os adolescentes do mundo começaram a copiar conscientemente o estilo um do outro", explicou Adams. "Além disso, foram eles mesmos que criaram as diferentes tendências, sem a intervenção de adultos." Castro, um homem com educação superior, era como um James Dean com uma agenda política progressista: um rebelde com uma causa.

Uma influência duradoura

À primeira vista, a obsessão de Nova York por Fidel pareceu desvanecer-se de forma relativamente rápida. Quando sua próxima visita à cidade aconteceu, para fazer um discurso às Nações Unidas em setembro de 1960, Castro foi ridicularizado no mesmo estilo que anteriormente fora tão sedutor.

O New York Daily News zombou dele, chamando-o de Rar da Barba ou apenas de Barba; O senador Barry Goldwater lamentou que o "cavalheiro da armadura brilhante" tivesse acabado sendo "um barbeador sem fazer a barba". Logo, alguns militares americanos estavam organizando comícios contra os hippies, com cartazes dizendo coisas como: "Cabelos longos são comunismo".

No entanto, a influência de Castro na moda iria perdurar. Por sua visita a Nova York em 1960, ele e seus companheiros não chegaram à zona da classe média branca, mas em um hotel no Harlem, chamado Theresa, onde encontraram Malcolm X e outros líderes negros.

Nesta ocasião, o destaque do estilo foi uma recepção em um salão de festas organizado pelo grupo progressista Fair Play para Cuba, com a presença de 250 pessoas da vida boêmia, entre elas, os poetas Allen Ginsberg e Langston Hughes, o fotógrafo. Henri Cartier-Bresson e vários ativistas dos direitos civis.

Chefe de gabinete de Fidel Castro, comandante Juan Almeida, e capitão Antonio Núñez Jiménez, diretor do Instituto Nacional de Reforma Agrária, respectivamente, no Hotel Theresa, no Harlem, quando os cubanos se reuniram com líderes do movimento de emancipação negros e outros ativistas dos direitos civis. Crédito William N. Jacobellis / NYP Holdings Inc. via Getty Images


"O pessoal do proletariado Hotel, verde oliva do uniforme 'guerrilheiros' e falta de formalidade juntos ajudaram a enfatizar, embora não revolucionária, alegre e estimulante atmosfera da reunião", escreveu um convidado, o jornalista europeu KS Karol, sobre a festa.

Dez anos depois, Tom Wolfe cunhou o termo "chique radical" para zombar dos intelectuais de Nova York hipnotizados com as modas revolucionárias em uma festa promovida por Leonard Bernstein em honra dos Panteras Negras, que, é claro, tinha adotado o estilo paramilitares dos cubanos e eles se apropriaram dele.

Desde então, a moda continuou a desnaturar o estilo, então agora você pode encontrar calças de camuflagem em qualquer lugar, da Old Navy à Balmain.

"'Chicote radical' é um termo que parece tão século XX", refletiu Abrego. "Houve um tempo em que era muito negativo quando se refere a um estilo que se desenvolveu organicamente, mas tem sido vítima de apropriação e tornou-se uma imagem de moda que não fazer qualquer comentário político, nem assume risco pessoal. Eu tenho dificuldade em explicá-los para os caras que usam camisas Che hoje. "





Traduzida e originalmente publicada por The New York Times





quarta-feira, 17 de abril de 2019

Imposto é roubo? E a sua propriedade?


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Imposto é roubo.  Uma vez que o ato de tributação é não consensual, há correntes libertárias que defendem se tratar de uma espécie de roubo, considerando que o Estado não pergunta ao cidadão se ele concorda ou não com o pagamento de imposto. Linhas menos extremadas, mas ainda eminentemente liberais, apontam que o pagamento do imposto, se desacompanhado da contrapartida estatal, seria ilegítimo. Apontam o senso comum do “não vemos retorno do tanto de impostos que pagamos” e, portanto, advogam pela sua ilegitimidade[1] – o que é diferente de ilegalidade, ressalte-se.
Entende-se, por essas linhas acima destacadas, que o cidadão teria o direito ao fruto do seu trabalho – ou do trabalho alheio –, da remuneração do capital, ou do que o valha, e que o Estado, pelo ato de tributar, realizaria algo semelhante a uma expropriação do patrimônio do indivíduo. Em outras palavras, o sujeito possuiria a renda pré-tributada, o que lhe seria uma espécie de direito natural, e em seguida viria o Estado a retirar uma parte desta renda através da cobrança de tributos. Residiria, neste ponto, a alegada ilegitimidade do ato da tributação em geral, ou ao menos quando não acompanhado da devida contrapartida. Repete-se, o que já tratei aqui em outros artigos, uma espécie da naturalização ou sobreposição do direito de propriedade.
Liam Murphy e Thomas Nagel, na obra o Mito da Propriedade, realizam verdadeira ressignificação do conceito de justiça tributária e assim o fazem através de uma nova visão do que efetivamente seja o direito de propriedade.
Atestam que a propriedade é uma construção social e, por este motivo, depende de um sistema de Estado que a legitime e proteja. Portanto, ressaltam que esta mesma estrutura jurídica e de Estado, por ser este o ente que protege e possibilita a propriedade, é do mesmo modo o ente legítimo para tributar os bens dos indivíduos.
Ressaltam que não há que se falar em renda pré-tributada, mas sim naquela que permanece em mãos particulares após realizado o ato de tributação estatal, visto ser tanto o direito à propriedade como a legitimidade da tributação conceitos que emanam da mesma fonte, qual seja, a existência de um arcabouço legal e de uma força de Estado.
Desse modo, os autores revisam a noção difundida usualmente de que o indivíduo possuiria uma renda pré-tributada e o ato de tributação espoliaria esta riqueza. Na verdade, os autores afirmam o oposto, de que somente pela existência de um órgão de tributação – no caso o Estado – é que se pode garantir o direito à propriedade.
Defendem que, muito embora o mercado já tenha se comprovado como a melhor instituição na alocação de recursos, este só existe se houver um Estado para lhe preservar o melhor funcionamento possível. 
Destaco passagem da obra:

Por isso, é logicamente impossível que as pessoas tenham algum tipo de direito sobre a renda que acumulam antes de pagar impostos. Só podem ter direto ao que lhes sobra depois de pagar impostos sob um sistema legítimo, sustentado por uma tributação legítima – e isso demonstra que não podemos avaliar a legitimidade dos impostos tomando como critério a renda pré-tributada. Pelo contrário, temos de avaliar a legitimidade da renda pós-tributária tomando como critério a legitimidade do sistema político e econômico que a gera, o qual inclui os impostos, que são aliás uma parte essencial desse sistema. A ordem lógica da prioridade entre os impostos e o direito de propriedade é inversa à ordem suposta pelo libertarismo[2].

Portanto, a questão sob essa ótica caminha muito mais no sentido de: se você acha legítimo que um Estado lhe garanta o direito de propriedade, não é possível achar ilegítimo que este lhe cobre tributos.
Nesta mesma direção segue a obra do autor italiano, Franco Galo, Las Razones Del Fisco[3], ao apontar que não há que se falar na propriedade como um limite ao poder estatal de tributação, mas sim que o direito do proprietário decorre do mesmo sistema legal que institui o tributo e, assim, o que se opera na verdade é o direito de propriedade que deve encontrar limites neste ordenamento. Em suma, aponta que não é o ordenamento jurídico que deve se adequar à propriedade, mas esta sim se adequar ao que for – ao menos na teoria – socialmente estabelecido e posteriormente positivado no ordenamento jurídico.
Este autor, acrescentando, apresenta duas correntes que se oporiam:  a deontológica naturalista e a político jurídica consequencialista. A primeira, de matriz liberal, defende que os tributos devem observar principalmente as questões econômicas provenientes de um mercado livre, de forma a maximizar os ganhos individuais. Em oposição – e defendida pelo autor – a corrente consequencialista aponta que a economia de mercado pode sim eventualmente ser relevante nas decisões fiscais, no entanto é a economia que deve ser adequar às conformações legislativas, oriundas de debates sociais, e não o contrário.
Portanto, e agora debatendo a questão da contrapartida, há confluência na compreensão destes dois autores a afastar essa lógica, de natureza privatista, considerando os fins desejados pelo Estado. Ao Estado não caberia o papel de mera retribuição ao indivíduo ao que ele pagar a título de impostos, mas sim decidir, através da política, a melhor destinação para estes recursos. Ademais, o ato de tributar deve também verificar condutas desejáveis ou indesejáveis socialmente, de maneira a desincentivar as primeiras – ou ao menos taxar suas externalidades negativas –, bem como incentivar as segundas – visto que a sociedade eventualmente se favorecerá das externalidades positivas.
Assim, uma conclusão que retiro da leitura destas duas obras é que, da mesma forma que o princípio da capacidade contributiva utiliza da noção de utilidade marginal do dinheiro para definir alíquotas tributárias, o destino dos recursos públicos deve lançar mão da análise da utilidade marginal do gasto público. Utilidade marginal, grosseiramente explicando, é quanto a mais uma unidade daquela mesma coisa ou bem trará satisfação ao beneficiário[4].
Assim, deve-se analisar quanto a mais de satisfação um real a mais trará para aquele destino do gasto público do que para outro eventualmente preterido. Certamente que conjugada a toda uma outra série de escolhas políticas a serem realizadas.
Portanto, e chegando ao fim deste artigo que se alongou mais do que o pretendido, procurei afastar a noção, mesmo ciente que difundida apenas por correntes mais extremas, de que o imposto seria roubo. Ora, se o mesmo ordenamento legal que lhe garante propriedade é o que lhe impõe a cobrança de tributos, a noção de que imposto seria roubo possui uma contradição interna óbvia.
Do mesmo modo, a noção de imposto vinculado diretamente a uma contrapartida é a mera reprodução privatista em um âmbito público, o que não se sustenta se analisadas as finalidades estatais. É que, se o arcabouço jurídico que garante a propriedade também define algumas finalidades para o Estado, o imposto pago deve, prioritariamente, atender a estas finalidades, e não se prestar a uma contrapartida a quem o paga.
É certo que não desconsidero a questão da corrupção e da malversação dos recursos públicos. No entanto estes são problemas que desnaturam os princípios trabalhados acima e, assim, não se prestam como contraponto aos argumentos trabalhados. Fosse assim, poder-se-ia refutar a lógica de contrapartida dos impostos apontando-se a corrupção privada, ou seja, o indivíduo que objetiva a contrapartida sem recolher devidamente o imposto. E não é este o caso da discussão aqui trabalhada.
Do mesmo modo, não se tratou de defesa do sistema tributário brasileiro que, cada vez mais, se consolida o consenso acerca de sua injustiça e regressividade, em que pobres e a classe média são proporcionalmente mais tributados que as camadas mais altas da sociedade. O que pretendi neste artigo foi, ainda que forma indireta, defender que qualquer solução para as falhas do nosso sistema tributário não passa por qualquer hipótese de deslegitimação da atividade arrendatória, mas sim pela sua racionalização e profunda reforma.
Umberto Abreu Noce é Advogado, formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e Mestre em Direito Público pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

[1] Verifica-se nesta linha uma confusão conceitual entre imposto e taxa. O que o senso comum trata como imposto seria, nesta ótica, o instituto genérico do Tributo. Contudo, objetivando manter maior diálogo no texto, evitei adentrar nestes tecnicismos e reproduzi a linguagem corrente sobre a questão.
[2]MURPHY, Liam. NAGEL, Thomas. O Mito da Propriedade. São Paulo, Martins Fontes: 2005, p. 46.
[3]GALLO, Franco. LazRazones Del Fisco. Madrid. Marcial Pons, 2011.
[4] O professor Clóvis de Barros Filho faz, ainda que não o mencione expressamente, uma análise da utilidade marginal de um bem utilizando a pamonha como exemplo. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=rH0vUtcLm5s

Originalmente publicado no portal Justificando

terça-feira, 9 de abril de 2019

A quem interessa a desmoralização do Exército Brasileiro?


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No ultimo domingo,7 de abril, o exército brasileiro durante um suposto patrulhamento(pois a versão das vitimas afirmam que não havia blitz e nem nada do tipo, apenas os tiros para matar os tripulantes começaram a ser disparados sem pausa contra o veiculo).

Durante essa ação do Exército, 80 tiros de fuzil, disparadas por nove soldados fizeram três vitimas na região. Uma morta, o musico Evaldo Rosa, de 51 anos e outros dois feridos.

Uma imagem do G1 ilustra de forma mais clara o que ocorreu naquele dia:


Veja com foi ação militar em Guadalupe  — Foto: Infográfico: Wagner Magalhães/G1

No inicio desta investigação a policia civil apontou uma possível ''confusão'' e ''engano'' por parte dos militares, e, por causa disso, acabaram num momento de susto agido de maneira intempestiva.

Segue o relato da reportagem :

''A hipótese de os militares terem se confundido pode ser reforçada com um registro de ocorrência feito na 30ª DP (Marechal Hermes).

Um motorista – que não teve a identidade divulgada – informou que foi assaltado por cinco homens em um sedã branco por volta das 14h (meia hora antes do incidente) na própria Estrada do Camboatá, perto do Piscinão de Deodoro''.( Fonte G1)

Os militares foram presos e tanto a investigação quanto o futuro julgamento serão tratados pela Justiça Militar que, desde 2017, através de um decreto do ex-presidente Michel Temer, obtiveram a jurisdição outrora no âmbito civil, agora pela hierarquia militar.

Os Verdadeiros responsáveis pelo caos na segurança pública nacional
Acima fiz o resumo do acontecimento que escandalizou toda e qualquer pessoa com o minimo de senso de humanidade e do que efetivamente representa a segurança pública.

O Brasil escolheu há muito tempo um caminho completamente desastroso para a segurança pública em todo o âmbito nacional. Isso tem sido evidente diariamente seja pelo caos urbano mostrado com muito prazer pelos programas sensacionalistas/policias, ou nas estatísticas assombrosas dos mais de 60 mil homicídios anuais(claro, os registrados, o número real é maior).

A escolha foi pelo exemplo do México, Colômbia, Honduras, El Salvador, Guatemala entre outros que, optaram diante do Narco-Estado existente, fazer demagogia e trabalhar com a imagem de que o ''exercito nacional resolveria tudo''. Ao mesmo tempo em que politicas criminosas são praticadas contra a população e o país como: Privatizações, redução do investimento em educação pública e saúde, falta de moradia, falta de emprego, retirada de todo o tipo de direito social. E o principal; a ligação direta do Estado, por meio dos seus representantes, incluindo o setor de segurança, na folha de pagamento do narcotráfico.

É evidente que conhecendo e analisando a situação de forma racional, jamais, qualquer problema será resolvido dessa forma. Só a ingenuidade ou o oportunismo eleitoral e de negócios(criminosos) pode seriamente considerar o cenário atual algo de vitorioso para alguém. Pelo contrário, é uma derrota completa e consequentemente a desmoralização da ultima linha institucional de defesa que representa o exército de um país.

Os apoiadores de tais politicas apenas desejam o caos, a morte e a destruição de quem dizem defender; os militares, a família de bem. São fariseus, e como fariseus, a hipocrisia norteia o seu modus operandi, pois, é sempre bom lembrar de que mesmo milicianos, traficam drogas, e dizem ''combater'' o tráfico e os traficantes de drogas.

A resolução do problema de segurança pública não será fácil, porém, o caminho certo nunca custará mais vidas de inocentes como a quantidade que já perdemos por essa escolha sem nenhum sentido lógico e racional.

Os culpados não se resumem aos indivíduos que apertam os gatilhos, até porque esse é o interesse dos verdadeiros mandantes dos genocídios cometidos a mando de políticos inescrupulosos e corruptos. A macro-politica e os grandes conluios regem o tipo de música tocada em nosso país, portanto, passou-se da hora de mudar os ''maestros'' desta orquestra e impor(sim, de forma definitiva) um novo ritmo.




Resportagem do G1 utilizada na foto:































sábado, 6 de abril de 2019

Nazismo era de esquerda ? Hitler responde!!




Entrevista completa de Adolf Hitler para o Jornal The Guardian (1923)

“Quando eu tomar conta da Alemanha, terminarei o tributo externo e o bolchevismo em casa.”
 
Adolf Hitler esvaziou a taça como se não contivesse chá, mas a a alma do bolchevismo.
 
 O “bolchevismo”, o chefe dos camisas pardas, os fascistas da Alemanha, continuou olhando fixamente para mim “é nossa maior ameaça. Matar o bolchevismo na Alemanha e restaurar 70 milhões de pessoas ao poder. A França deve sua força não aos seus exércitos mas às forças do bolchevismo e da dissensão em nosso meio.

“O socialismo é uma antiga instituição ariana, germânica. Nossos ancestrais alemães mantinham certas terras em comum. Eles cultivavam a ideia do bem comum. O marxismo não tem o direito de se disfarçar de socialismo” (Adolf Hitler)
“O Tratado de Versalhes e o Tratado de St. Germain são mantidos vivos pelo bolchevismo na Alemanha. O Tratado de Paz e o bolchevismo são duas cabeças de um monstro. Devemos decapitar ambos”.
Quando Adolf Hitler anunciou este programa, o advento do Terceiro Reich, que ele proclama, parecia ainda no fim do arco-íris. Então veio a eleição após a eleição. Cada vez mais, o poder de Hitler cresceu. Embora incapaz de desalojar Hindenburg da presidência, hoje Hitler lidera o maior partido da Alemanha. A menos que Hindenburg assuma medidas ditatoriais, ou algum desenvolvimento inesperado de Hitler organizará o Reichstag e dominará o governo. A luta de Hitler não foi contra Hindenburg, mas contra o chanceler Bruening. É duvidoso que o sucessor de Bruening possa se sustentar sem o apoio dos nacional-socialistas.

Nós escolhemos nos chamar de Nacional Socialistas. Nós não somos internacionalistas. Nosso socialismo é nacional. Exigimos o cumprimento das justas reivindicações das classes produtivas pelo Estado com base na raça e solidariedade. Para nós, estado e raça são um.”
 
Muitos dos que votaram em Hindenburg estavam no coração de Hitler, mas algum senso de lealdade profundamente enraizado os impelia, no entanto, a votar para o velho marechal de campo. A menos que, de um dia para o outro, surja um novo líder, não há ninguém na Alemanha, com exceção de Hindenburg, que poderia derrotar Hitler — e Hindenburg tem 85 anos! O tempo e a recalcitrância da luta francesa por Hitler, a menos que algum erro de sua parte, ou dissensão dentro das fileiras do partido, prive-o de sua oportunidade de desempenhar o papel de Mussolini da Alemanha.
 
 O primeiro império alemão chegou ao fim quando Napoleão forçou o imperador austríaco a entregar sua coroa imperial. O segundo império chegou ao fim quando Guilherme II, seguindo o conselho de Hindenburg, buscou refúgio na Holanda. O terceiro império está emergindo lenta mas seguramente, embora possa dispensar cetros e coroas.
 
 Não conheci Hitler em seu quartel-general, uma cada marrom em Munique, mas em uma casa particular — a residência de um ex-almirante da Marinha alemã. Nós discutimos o destino da Alemanha tomando chá.
 
“Por que”, perguntei a Hitler, “você se considera um nacional-socialista, já que seu programa partidário é a própria antítese do a creditado ao socialismo?”
 
“Socialismo”, ele retrucou, abaixando sua xícara de chá, assertivamente “é a ciência de lidar com o bem comum. Comunismo não é socialismo. Marxismo não é socialismo. Os marxistas roubaram o termo e confundiram seu significado. Eu tirarei o socialismo dos socialistas.”
 
 “O socialismo é uma antiga instituição ariana, germânica. Nossos ancestrais alemães mantinham certas terras em comum. Eles cultivavam a ideia do bem comum. O marxismo não tem o direito de se disfarçar de socialismo. O socialismo, ao contrário do marxismo, não repudia a propriedade privada. O marxismo não envolve negação da personalidade e, ao contrário do marxismo, é patriótico.

“Poderíamos ter nos denominado o Partido Liberal. Nós escolhemos nos chamar de Nacional Socialistas. Nós não somos internacionalistas. Nosso socialismo é nacional. Exigimos o cumprimento das justas reivindicações das classes produtivas pelo Estado com base na raça e solidariedade. Para nós, estado e raça são um.”
Nós [O Partido Nazista] escolhemos nos chamar de Nacional Socialistas. Nós não somos internacionalistas. Nosso socialismo é nacional. Exigimos o cumprimento das justas reivindicações das classes produtivas pelo Estado com base na raça e solidariedade. Para nós, estado e raça são um.” (Adolf Hitler)
O próprio Hitler não é um tipo puramente germânico. Seu cabelo escuro trai um ancestral alpino. Durante anos ele se recusou a ser fotografado. Isso fazia parte de sua estratégia — ser conhecido apenas por seus amigos para que, na hora da crise, ele pudesse aparecer aqui, ali e em toda parte sem ser detectado. Hoje ele não podia mais passar despercebido através da aldeia mais obscura da Alemanha. Sua aparência contrasta estranhamente com a agressividade de suas opiniões. Nenhum reformador educado mais brando já afundou o próprio barco ou cortou a garganta política.
 
“O que”, continuei meu interrogatório, “são as tábuas fundamentais da sua plataforma?”
 
“Acreditamos em uma mente saudável em um corpo saudável. O corpo político deve ser sadio se a alma quiser ser saudável. A saúde moral e física são sinônimas.” “Mussolini”, interrompi, “disse o mesmo para mim”. Hitler sorriu.

“As favelas”, acrescentou ele, “são responsáveis ​​por nove décimos, o álcool por um décimo de toda depravação humana. Nenhum homem saudável é marxista. Homens saudáveis ​​reconhecem o valor da personalidade. Nós lutamos contra as forças do desastre e A Baviera é comparativamente saudável porque não é completamente industrializada, mas toda a Alemanha, incluindo a Baviera, está condenada a um industrialismo intenso pela pequenez do nosso território. Se quisermos salvar a Alemanha, devemos garantir que os nossos agricultores permaneçam fiéis. Para isso, eles devem ter espaço para respirar e espaço para trabalhar.”
“Onde você vai encontrar o espaço para trabalhar?”
“Devemos manter nossas colônias e devemos nos expandir para o leste. Houve uma época em que poderíamos ter compartilhado o domínio do mundo com a Inglaterra. Agora podemos esticar nossos membros apertados apenas para o leste. O Báltico é necessariamente um lago alemão.”
 
“Não é”, perguntei, “possível que a Alemanha reconquista o mundo economicamente sem ampliar seu território?”

Hitler sacudiu a cabeça com sinceridade.
“O imperialismo econômico, como o imperialismo militar, depende do poder. Não pode haver comércio mundial em larga escala sem poder mundial. Nosso povo não aprendeu a pensar em termos de poder mundial e comércio mundial. No entanto, a Alemanha não pode estender comercialmente ou territorialmente”. até que ela recupere o que perdeu e até que ela se encontre.
“Estamos na posição de um homem cuja casa foi incendiada. Ele deve ter um teto sobre sua cabeça antes de poder entrar em planos mais ambiciosos. Conseguimos criar um abrigo de emergência que impede a chuva. Não fomos preparada para pedras de granizo. No entanto, os infortúnios vieram à tona: a Alemanha vive em uma verdadeira nevasca de catástrofes nacionais, morais e econômicas.
“Nosso sistema partidário desmoralizado é um sintoma de nosso desastre. As maiorias parlamentares flutuam com o clima do momento. O governo parlamentar abre o portão do bolchevismo.”
“Ao contrário de alguns militaristas alemães, você não é a favor de uma aliança com a Rússia soviética?”
Hitler evitou uma resposta direta a essa pergunta. Ele fugiu novamente quando o Liberty lhe pediu que respondesse à declaração de Trotsky de que sua suposição de poder na Alemanha envolveria uma luta de vida ou morte entre a Europa, liderada pela Alemanha e a Rússia Soviética.
“Pode não servir Hitler para atacar o bolchevismo na Rússia. Ele pode até olhar para uma aliança com o bolchevismo como sua última carta, se ele está em perigo de perder o jogo. Se, ele intimou em uma ocasião, o capitalismo se recusa a reconhecer que os nacional-socialistas são o último baluarte da propriedade privada, se o capital impede sua luta, a Alemanha pode ser forçada a lançar-se nos braços sedutores da sirene da Rússia Soviética. Mas ele está determinado a não permitir que o bolchevismo crie raízes na Alemanha.”
Ele respondeu cautelosamente no passado aos avanços do chanceler Bruening e outros que desejavam formar uma frente política unida. É improvável que agora, em vista do aumento constante do voto dos Nacional-Socialistas, Hitler esteja disposto a comprometer qualquer princípio essencial com outras partes.

 “As combinações políticas das quais uma frente unida depende”, observou Hitler, “são instáveis demais. Tornam quase impossível uma política claramente definida. Eu vejo em toda parte o curso em zigue-zague de compromisso e concessão. Nossas forças construtivas são controladas pela tirania. Nós cometemos o erro de aplicar a aritmética e a mecânica do mundo econômico ao estado vivo. Somos ameaçados por números sempre crescentes e ideais sempre decrescentes. Meros números não são importantes.”

“Mas suponha que a França revide contra você mais uma vez invadindo seu solo? Ela [A França] invadiu o Ruhr uma vez antes. Ela pode invadi-lo novamente.”
“Não importa”, Hitler, completamente exaltado, retrucou: “quantos quilômetros quadrados o inimigo pode ocupar se o espírito nacional for despertado. Dez milhões de alemães livres, prontos para perecer para que seu país viva, sejam mais potentes que 50 milhões cuja força de vontade está paralisada e cuja consciência racial está infectada por estrangeiros.

 “Queremos uma Alemanha maior unindo todas as tribos germânicas. Mas nossa salvação pode começar no menor dos cantos. Mesmo que tivéssemos apenas 10 acres de terra e estivéssemos determinados a defendê-los com nossas vidas, os 10 acres se tornariam o foco da regeneração. Nossos obreiros têm duas almas: uma é alemã, a outra é marxiana, devemos despertar a alma alemã, devemos arrancar o cancro do marxismo, o marxismo e o germanismo são antíteses.

 “No meu esquema do estado alemão, não haverá espaço para o estrangeiro, nem para o vagabundo, para o usurário ou especulador, ou para qualquer pessoa incapaz de um trabalho produtivo.”

As veias na testa de Hitler se destacavam ameaçadoramente. Sua voz encheu a sala. Houve um barulho na porta. Seus seguidores, que sempre permanecem dentro do alcance de um chamado, como uns guarda-costas, lembraram o líder de seu dever de conduzir uma reunião.
Hitler engoliu seu chá e se levantou.