A base teórica integralista
O integralismo tinha como base a revolução espiritual e cultural, que juntas formariam a base do Estado integral. Este sendo antiliberal e anticomunista.
Representando assim o equilíbrio necessário numa sociedade que deseja preservar a tradição e o ethos nacional.
Para que fosse possível o crescimento do movimento, Plínio Salgado, deixou expresso a importância de cada militante tomar consciência crítica desses fundamentos. Pois o Estado integral representaria a 4° humanidade, superando o então processo vigente do materialismo.
Na década de 30, o integralismo defendia e exaltava a miscigenação como algo positivo e que colocava o brasileiro num ponto diferenciado da história. Juntando o branco, o negro e o indígena, sendo o caboclo, o sertanejo, seus principais modelos.
Era o campo e não a cidade o objetivo do integralismo. A urbanização, da forma como ocorreu, apenas levou o país a desorganização social, moral e econômica.
O intuito, então, era um regresso a outros tempos, ainda que não literalmente, mas em sua concepção filosófica. Isso ocorria porque o materialismo, aquela busca desenfreada pelo consumo e o dinheiro corromperam o povo, fazendo com que a Igreja, representada pelo catolicismo, fosse deixada de lado.
A espiritualidade não podia ser abandonada daquela forma, era urgente um resgate da religiosidade popular, da moralidade cristã e dos costumes pertencentes a sociedade brasileira.
Plínio Salgado foi o formulador teórico da parte cultural e religiosa do movimento integralista, sendo Gustavo Barroso pelo programa econômico e Miguel Reale do arquétipo de Estado.
É sempre importante deixar claro que o integralismo não tinha em si qualquer conteúdo racista persecutório, como alguns acreditam. Sempre em seu programa foi deixado explícito a contraposição á ideias desse conteúdo segregacionista.
Porém isso não significa concomitantemente que o movimento integralista tinha o entendimento correto sobre a formação racial do Brasil e os respectivos motivos dessa miscigenação planejada historicamente.
O movimento integralista perdeu a sua importância e foi derrotado após ter sido posto na ilegalidade pelo Estado Novo. Inclusive podendo ser acusado posteriormente de uma degeneração ideológica, principalmente em âmbito geopolítico e econômico, pois, Plínio Salgado, seu principal representante popular, apoiará o golpe de 64 e o alinhamento do Brasil junto aos Estados Unidos.
Atualmente os seus remanescentes, organizados na Frente integralista Brasileira defendem um programa diferente daquela época. O liberalismo tornou-se regra não apenas nesse movimento, mas em todas as vertentes políticas existentes.
Plínio Salgado e o integralismo não conseguiram fazer a revolução que pretendiam, mas a citação abaixo, num dos seus livros deveria lhe servir como autocritica, quando decidiu tomar outro caminho e assim afundar de vez o que foi a criação teórica ''original'' de um movimento politico/cultural promissor nos anos 30.
“Os maiores inimigos das revoluções são exatamente aqueles que as fizeram e não sabem dirigi-las. Porque estão sacrificando uma oportunidade histórica, porque estão retardando a imposição de uma ordem absolutamente nova''(SALGADO, Plínio. A Psicologia da Revolução)
Nenhum comentário:
Postar um comentário